segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Você Tropeçou Feio?



Nada destrói sua dignidade como o tropeço! Já vi pessoas muito bem vestidas tropeçarem e caírem com a cara no chão enquanto caminhavam pela igreja.  Já testemunhei um talentoso solista subir em direção ao púlpito com a música na mão tropeçar e espalhar as folhas da partitura como folhas de árvore numa brisa de outono.  Eu assisti recentemente a uma seleção de jogadores de futebol com a reputação de melhores do mundo tropeçarem diante de uma inexpressiva equipe, sem tradição, para a indignação de milhões de expectadores. Já vi noivos e padrinhos tropeçando na entrada do casamento… enquanto os músicos tropeçavam em sua formação. Vi pessoas da elite, elegantes, tropeçarem. Formandos em becas já tropeçaram enquanto recebiam seus diplomas.
Você consegue se lembrar dos seus tropeços? Nada é mais humilhante e embaraçoso do que derramar sua dignidade enquanto caímos duros no orgulho. A primeira coisa que fazemos é dar uma rápida olhada em volta para checar se alguém poderia ter visto. Queremos nos tornar invisíveis. Algumas de minhas experiências com o tropeço me fizeram estremecer só de lembrar.
Mas sabe de uma coisa? A maioria dos expectadores responde a um tropeço com simpatia. Identificam-se com sua vergonha. Sentem uma  dor mútua, um senso profundo de apoio. Na verdade, a primeira reação é ajudar alguém que tropeçou a ficar em pé novamente. Eu não me lembro de nenhuma ocasião onde alguém que tropeça e cai fique no chão quando há alguém perto. Eu me lembro de todos se preocuparem se a pessoa havia se machucado na queda. Também me lembro de todos os que já vi tropeçaram se esforçarem para ficar em pé, mesmo tomado pela humilhação momentânea, e seguiram adiante. Aí está algo a se aprender, meu amigo, caso você tropeçe.
Nas cartas penetrantes de Tiago, cada verso é como um bisturi – faz profundas incisões em nossa consciência. Está em Tiago 3:2 algo que sempre esquecemos: “Porque todos tropeçamos em muitas coisas…” O que ele está dizendo? Que ninguém é perfeito… que tropeçar é normal… um fato da vida… um ato que garante que somos humanos. Ele continua dizendo que nós também tropeçamos no que falamos. Quando vem à lingua, nós estragamos! Ele diz (em 2:10) que o tropeço tráz a culpa… mesmo que seja em uma área insignificante da vida. Que verdade!
Talvez você tenha acabado de tropeçar feio ao final deste dia. Você se sente culpado,  cheio de falhas. Desejaria muito que talvez nunca tivesse aberto a boca… ou feito o que fez… ou ido àquele lugar com aquelas pessoas. Você se sente miserável, envergonhado, e gostaria de se esconder, ou melhor ainda – rastejar para morrer. Ridículo! Levante-se desta piscina de auto-piedade, espane a sujeira na promessa do Senhor e siga adiante!
Agora preciso adicionar algumas palavras de realismo. Ao invés de receber a reação normal de preocupação e apoio, você encontrará algumas pessoas que vão querer continuar lhe segurando para baixo e ainda vão falar mal de você por causa do tropeço. Ignore-as completamente! Eles esqueceram que Tiago 3:2 também as inclui. A única diferença é que você não as vê tropeçando. Mas já aconteceu com eles, acredite. O que isso quer dizer não é difícil de descobrir: DEUS QUER USAR VOCÊ – MESMO TENDO TROPEÇADO – MAS ELE NÃO O FARÁ SE VOCÊ SE RECUSAR A LEVANTAR. “Tropeçadores” que desistem, não têm utilidade. Os que se levantam são raros e não tem preço.

Aprofundando suas raízes
Salmos 37:23-24; Hebreus 4:12-16

Ramificando
1. Viu alguém tropeçando ultimamente? Como você a tratou? Falou ou riu dela? Se lembrou de Tiago 2? Que tal simpatia pela pessoa?
2. Repare nos tropeços das pessoas e anote qual foi sua reção com cada uma delas.

Meus heróis NÃO morreram de overdose.



Leio que Julie Andrews completou 74 anos em 01 de outubro *. Dá pra acreditar? A Maria deA Noviça Rebelde tornou-se uma septuagenária. Podem chamar de sentimental e convencional, mas é difícil resistir à Julie Andrews surgindo numa colina verdejante e girando com os braços abertos e cantando a bela “The sound of music”. Tudo bem que depois tem aquelas sete notas musicais ou sete crianças, o que dá no mesmo. Mas logo aparece uma Julie enamorada cantando “Something” e o resto é Oscar, história e lágrimas.

O cantor Cazuza dizia numa música que seus heróis morreram de overdose. Ele próprio escolheu viver e morrer como seus heróis. As mídias fingem odiar esse tipo de herói, mas são elas que cobrem cada nova celebridade com sua cota televisiva de 
vaidade (quando tudo vai bem), falso moralismo (quando tudo vai mal) e confete post-mortem. Todo astro recém-falecido por overdose é coroado com um mito: o melhor é morrer jovem e famoso. Essa é a maior falácia da cultura pop, um engodo que tem levado muita gente a achar que aproveitar a vida é experimentar tudo, todos e todas ao som de muito rock’n’roll, yeah!

Como escreve Robert Pirsig, “a degeneração é prazerosa, mas não sustenta uma vida inteira”. Mas quem é que está se lixando pra expectativa de vida, quando dizem que não há nem céu nem inferno, nem Deus, nem deus, nem juízo. Lembra do trinômio revolucionário “liberdade, igualdade, fraternidade”? Pode parecer apocalíptico, mas alguém discorda de que esse ideal foi substituído pelo também trinômio “sexo, drogas e rock’n’roll”?

Antes que os filisteus virtuais ataquem este web-escriba, já adianto que o problema dessa geração pode até não ser a música (que espelha as vontades dessa geração). O problema é esse estilo de vida “morra jovem e drogado” sendo vendido como a quintessência do pensamento rebelde e antiautoritário, um modelo insuperável de ser artista e porta-voz da geração, quando no fundo é apenas 
suicídio juvenil glamourizado. Roqueiros e atores, principalmente, são elevados à categoria de ícones da juventude transviada que estabeleceu suas próprias regras de sucesso, vida e morte. Porém, se solos de guitarra não vão me conquistar, esse overdose way of life também não me convence.

Meus heróis 
não morreram de overdose: Dostoievski, Jane Austen, Guimarães Rosa, John Steinbeck, Tolstoi; Beethoven, Bach, Bernard Herrmann, Debussy, Stravinski, Duke Ellington; Kurosawa, Jean Renoir; Lincoln, Luther King. Eles representam um tipo de herói: aqueles que escaparam da mediocridade reinante na cultura e nas relações sociais. São heróis pela excelência artística e de pensamento.

Alguém dirá: e Lutero, Paulo, Isaías, Daniel, Pedro e João não seriam heróis maiores e melhores? Estes são um outro tipo de herói: gente que nos serve de inspiração para viver. Eles são muito mais que heróis das artes e do pensamento.

Meus heróis 
não morreram de overdose. Talvez nem sejam heróis apenas; uns preferem chamá-los de mártires. Eles morreram decapitados, queimados, crucificados e temo não estar à altura de mártires assim, que não morrem por uma ideologia, morrem pelo Amor que excede todo entendimento. Meus heróis não pegaram em armas e venceram exércitos. Eles viveram não por força nem por violência, mas pelo poder do Espírito. Meus heróis não foram seres perfeitos. Eles tiveram falhas e espinhos na carne, mas negaram-se a si mesmos e decidiram que, não eles, mas Cristo viveria neles.

Há heróis e super-heróis para todos os gostos. Contudo, se em vez de adotarmos heróis pelo nosso gosto pessoal nós levarmos nossa vida ao pé da cruz, sairemos dali com um novo sentido do que é de fato um herói. Eu preciso de heróis que vivem pelo que ainda não se vê, que vivem por uma esperança estranha para quem não acredita, mas tremendamente perfeita e elevada para quem aceita.

Joêzer Mendonça – Nota na Pauta

* Texto escrito em 02/10/2009